O Dom da Feminilidade

Série de Artigos para a Revista Graça


Estamos iniciando um novo tempo na vida da humanidade. Quer queiramos, quer não, a mudança de um século para outro, e, mais ainda, de um milênio para outro nos faz refletir sobre a história humana de forma profunda e concentrada.

Para nós mulheres, especialmente, é uma época que traz enormes desafios e oportunidades. Ouço constantemente que nunca a mulher teve tanta liberdade quanto tem agora, mas , na realidade, a mulher já exerceu sua influência na vida da família e, fora do lar, na sociedade por diversos períodos da história humana. Basta ler Provérbios 31 sob a ótica de que aquela mulher não era uma pessoa real mas a descrição de um ideal e concluiremos que o trabalho feminino em outras áreas além da doméstica remonta a tempos passados, mesmo que a área de maior e mais importante influência da mulher tenha sido sempre na esfera do seu lar. Sempre houve oscilações na história humana, e a mulher, vivendo em diferentes contextos, tem visto sua liberdade ampliada ou restringida segundo as necessidades da sociedade naquele momento.

Entretanto, é neste limiar de século que decididamente a mulher está tendo liberdade quase total para exercer sua influência fora do lar e são diversos os fatores que têm contribuído para isso. O número bem menor de filhos reduz consideravelmente o tempo em que sua presença é necessária no lar. A era da comunicação abriu campo para muitos trabalhos serem exercidos de casa. A escassez de empregos tem levado muitas mulheres a abrirem seus próprios negócios ou oferecerem seus serviços como trabalhadoras autônomas. As dificuldades econômicas que afetam grande parte das nossas famílias também servem como estímulo e desafio para as mulheres ajudarem nas despesas domésticas através de um trabalho remunerado.

Acredito que realmente estamos entrando numa era em que a influência da mulher será forte e marcante, mas isso não está sendo determinado por nenhum dos motivos acima, nem pelo conjunto deles. Quando Deus criou a raça humana como homem e mulher, e os abençoou e lhes deu a tarefa de cuidar da sua criação, criou também um ministério que somente a mulher pode desempenhar: o dom da feminilidade. E, como o Senhor da história, é ele quem nos está dando hoje o espaço e a abertura nos quais podemos exercer plenamente esse dom, levando o toque feminino a todas as áreas da vida. Portanto, é no propósito dele para nós e na maneira como ele nos criou para cumprirmos esse propósito que temos de nos basear para podermos nos realizar plenamente como mulheres. 

Onde você se encontra neste momento da sua vida, minha amiga? Está vivendo momentos de tristeza, de desânimo? Você se sente desvalorizada e menosprezada como mulher? As palavras acima parecem dirigidas a alguém de outro planeta, totalmente distante da sua realidade? Posso lhe assegurar que entendo perfeitamente a sua situação. Por isso tenho falado através desta coluna a respeito da nossa identidade como mulheres, das nossas qualidades e de quando elas podem virar defeitos. Não podemos depender das situações externas, das opiniões das outras pessoas para saber que temos um valor imenso aos olhos do Deus que nos fez assim. Ele nos colocou onde quer que estejamos para ministrarmos o dom da feminilidade, doando aquilo que somos, a nossa maneira feminina de ser, àqueles que estão ao nosso redor, sejam eles os membros imediatos da nossa família, os irmãos no trabalho da igreja ou pessoas que a quem servimos através do nosso trabalho fora de casa.

Se a nossa identidade estiver firmemente ancorada em Deus, a única realidade imutável, poderemos florescer onde ele nos tiver plantado, independente das circunstâncias. No decorrer da história, ele tem usado escravos e livres, judeus e gentios, homens e mulheres para cumprir o seu plano eterno para a humanidade. Em suas mãos, nada em nossas vidas é inútil ou sem valor, mas cada detalhe é um ponto indispensável para a beleza da tapeçaria do seu eterno propósito.