Mulher Não Sabe Lidar com Dinheiro?

Série de Artigos para a Revista Graça


Não faz muito tempo, nossos noticiários mostraram um bando de simpáticas velhinhas norte-americanas visitando o pregão da Bolsa de São Paulo. Elas haviam começado a investir dinheiro na bolsa americana como distração, e ganharam tanto que acabaram escrevendo um livro, explicando seu método de investimentos.

Ao serem entrevistadas pela mídia televisiva, elas disseram não haver grande segredo no que fizeram: compravam ações quando o preço estava baixo e as vendiam quando o preço subia. Um corretor da Bolsa, que falou depois delas, caçoou do sistema, dizendo: "Grande novidade! Isso todo mundo sabe que funciona."

As velhinhas investiam cautelosamente. E pouco. E ganharam muito dinheiro com isso. O que aliás é o sistema aconselhado por um dos homens mais ricos que já viveu. Salomão já advertia que "a riqueza adquirida às pressas diminuirá, mas quem a ajunta pouco a pouco terá aumento" (Prov. 13:11, Edição Contemporânea).

O que me chamou a atenção nessa notícia é que ela revela uma característica das mulheres e sua maneira de ser. Segundo os autores de um livro sobre finanças para mulheres, embora os problemas e decisões financeiros não sejam muito diferentes para os homens e as mulheres, a maneira como esses desafios são encarados e o processo de tomada de decisão pode diferir bastante de um sexo para outro. Segundo os mesmos autores, as mulheres tendem a ser mais preocupadas com segurança, mais voltadas para o curto prazo e para os detalhes, e mais intuitivas em suas decisões. Por isso, são mais cautelosas nos investimentos, arriscam menos, perdem menos. Ganham de pouco em pouco.

E na área dos gastos? É pela mão delas que é gasto o dinheiro miúdo da família: feira, açougue, padaria, farmácia, supermercado, material escolar, etc. Em geral, segundo os economistas, esse é o gasto mais bem administrado que existe. Pergunte a qualquer feirante e ele lhe dirá que não é brincadeira fazer uma dona de casa abrir a carteira.

Sendo assim, por que as mulheres têm levado a fama de não saberem lidar com dinheiro, de serem gastadeiras e irresponsáveis?

Poucas de nós aprendemos, como parte da nossa educação, a lidar com o dinheiro, a fazer dele um servo útil. Mesmo em nossas igrejas, pouco se fala e ensina sobre como lidar com o dinheiro. Entretanto, a Bíblia fala mais sobre dinheiro e as riquezas do que sobre oração. Você sabia disso? Jesus disse que os bens materiais (mamon) procuram ocupar o lugar de Deus no nosso coração, transformando-se em senhores em vez dos servos que foram feitos para ser. Foi por isso que ele nos acautelou tanto quanto ao seu uso. 

Muitas vezes caímos no erro de tentar encher com que as coisas que o dinheiro pode comprar o vazio que sentimos no coração. Buscamos algo que nos faça sentir bem quando nos sentimos amofinadas, tristes, desvalorizadas. Meu marido me criticou sem piedade? Isso dói, mas posso sair e moer uma boa quantia com roupas e sapatos. Se não tenho dinheiro, faço a prazo, com cheques pré-datados, uso cartão de crédito, qualquer coisa. Bem vestida, sinto-me gente de novo. E justificada na minha extravagância. 

Não podemos, contudo, saciar nosso coração com aquilo que não foi feito para essa finalidade. O vazio retorna, e gastar se transforma em vício, pois traz uma sensação passageira mas garantida de bem-estar, a qual buscaremos de novo quando estivermos magoadas, aborrecidas ou simplesmente entediadas. Gastar no que não precisamos e que não traz satisfação permanente é um bom termômetro de onde estamos investindo o nosso tesouro.

Quando buscamos em Deus a satisfação de nossa necessidade de sentir-nos amadas e valorizadas, ganhamos e gastamos dinheiro com sabedoria, provendo o melhor para nossa família, tendo ainda o suficiente para ajudar outras pessoas, sem medo do futuro pois guardamos nosso tesouro no lugar certo — onde nem traça nem ferrugem o consomem.